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Dimensão X: a Realidade e a Angústia

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Dimensão X

Vivo angustiado. Logo, vivo a realidade. Ao andar pela cidade vejo carros apenas como ornamentos das ruas, assim como os outdoors. Vejo pessoas dentro dos carros apenas como ornamentos dos carros, assim como os acessórios. Nas ruas vejo pessoas como os postes que iluminam. Vejo apenas o real no estado mais tênue da angústia. Ela está sempre ao meu lado, o sentimento que espera que algo aconteça nos próximos instantes sem nunca acontecer, e é ela que abre os meus olhos e faz enxergar para além do horizonte. Porém, como traidora sagaz e punidora fiel, é a angústia que não me deixa esquecer que sou um forasteiro desta vida e que vivo em uma outra dimensão, numa realidade que vê de cima esta outra dimensão e que permite afirmar que nada existe. Tudo é apenas uma grande simulação.

Tanto é a minha certeza ao afirmar esta sentença que estou condenado a nadar infinitamente num mar de tristeza e solidão. Eis a minha luta contra a máquina, a grande fábrica de padrões. Tudo e todos imitam os padrões. Os padrões destruiram a ética e a moral. Os padrões ditam as regras do jogo. Os padrões se apresentam como única verdade. Esta é a realidade orientada aos objetos. Os objetos controlam as pessoas e as pessoas agora vivem apenas como andróides - corpo humano, pensamento de robô. É o final de uma era e o ínicio do fim.

A máquina finalmente chegou ao poder e não há mais nada a fazer. O certo é que haverão pessoas como eu, que angustiadas ao saber que alguma coisa está errada, serão expulsos desta realidade e passarão a viver em outra dimensão, apenas observando e lamentando, infinitamente, a dimensão que lhes serviram como pátria por muitos anos. E irão chorar bastante, afinal os seus amigos, pais, amores e filhos estão lá, condenados a servir a alimentar à maquina por todos os anos de suas vidas, e apenas a experimentar a simulação de felicidade e a simulação de tristeza, sem nunca experimentar a verdadeira felicidade ou a verdadeira tristeza (pois somente a angústia é que pode nos transportar de uma dimensão para outra e permitir a experiência de sentimentos verdadeiros).

E depois de chorar bastante, estas pessoas - por amor - tentarão salvar os seus queridos, alertando os para o perigo de viver apenas uma mentira, mas logo estas pessoas desviarão o assunto para a novela e para o Big Brother - conceito bastante desenvolvido por George Orwell em seu livro 1984. E chegará o momento que estas pessoas desistirão e passarão a falar menos, a se interessar menos e se isolarem. A angústia irá crescer de tal maneira que eles não poderão voltar mais a dimensão-pátria. Eles se encontrarão constantemente na dimensão X, onde apenas aqueles que podem perceber e compreender vivem em eterno estado de solidão e desespero, que é o preço a pagar por viver a verdadeira realidade e saber que este é um caminho que ninguém lhe acompanhará.

E uma vez que você tenha visitado a dimensão X nada mais será o mesmo. E, infelizmente, o caminho não tem volta. Como conselho fiquem onde estão, pois o que olhos não vêem o coração não sente. A máquina é uma prostituta traidora.

* Post publicado originalmente em meu blog pessoal no dia 28/10/2007
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