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O Pastor Que Queria Queimar Alcorãos

sábado, 11 de setembro de 2010


Recentemente um homem dito pastor de uma pequena igreja nos EUA ameaçou queimar exemplares do Alcorão, sob forma de protesto aos ataques as Torres Gêmeas no 11/09. Este ato acabou por chamar a atenção da mídia internacional, inflamando fundamentalistas do Islã - dada a tamanha ofensa em relação ao seu credo.

Independente do credo, das consequências, da literatura, da ação da mídia e da fé por trás da façanha, vamos analisar isoladamente o comportamento do pastor, a qual poderia ser aplicada também em relação à outros exemplos: incentivo à violência. Mesmo que não aja uma retaliação por parte dos agredidos (e mesmo que aja), temos aí um caso de típica intolerância - cuja consequência é retratada através da violência moral apresentada pelo episódio.

Basicamente o slogan da provocação diz: Dia Internacional da Queima de Alcorãos no Próximo Dia 11/09. Uma campanha que obviamente chocou pessoas ao redor do mundo justamente por ser insensata. A insensatez não é doravante de caminhar sinuosamente por um terreno perigoso - que é por onde caminha os fundamentalistas mulçumanos - mas está mais relacionada a atitude de um homem em desrespeito aos demais.

Ainda que o assunto não tomasse tamanha proporção - mesmo que não deixe de ser um suculento alimento para a mídia - e ainda que fosse um caso isolado de sua vizinhança ou do seu ciclo de relacionamentos, o fato é que temos aí um desvio lógico de comportamento social. Basta acompanhar: quando retiramos todas as camadas e deixamos o objeto de análise desnudo observamos que não há sentido em queimar livros - independente de posição ética e social. Quando agregamos ao objeto um valor, como é o caso, além do conteúdo passamos a ter alguma preciosidade implicita que diz respeito a algo ou alguém - o valor é condicionado à experiência do sujeito em relação ao objeto.

Quando pensamos em destruir este objeto, temos então uma demonstração de poder destrutivo ao objeto condicionado que fere a moral daqueles que o condicionam. Ou seja, não temos aqui somente um protesto, mas uma vontade de ferir o espírito alheio, seja motivado por vingança, ódio ou qualquer outro sentimento malígno que extrapola os limites da razão. O assunto não condiz com seguir um caminho diferente da normalidade, mas de seguir um caminho distante do que se espera daqueles que tenham o chamado bom senso (que é um capítulo a parte a ser discutido).

Curiosamente, ainda que a análise se aplique a qualquer um, temos aí um pastor, uma pessoa que, em tese, deveria ser a antítese do pensamento negativo. Claro que ele sabe e entende o seu ato, então só nos resta duas alternativas: ou este cidadão está agindo por uma ideologia de mudança, onde os cristãos vem perdendo seguidores em contrapartida aos muçulmanos, que aumentam sua presença em países onde o Islã não é a religião predominante (inclusive nos EUA, onde um templo islâmico deve ser inaugurado nas imediações do WTC - o que também não é saudável), ou então é um charlatão em busca de publicidade - possibilidade que deve ser seriamente considerada em vista aos novos fatos (foi noticiado que o pastor não irá mais queimar os livros).

Ainda que a publicidade barata pareça ser o real objetivo de tal pastor, este não é o escopo deste artigo - logo não iremos a relevância da imagem/aparência no mundo (o que pode ser encontrado com facilidade em diversos outros bons artigos publicados em outros blogs), mas sim a relação entre signo, significados e significantes no episódio do pastor. Ao classificarmos o livro Alcorão, temos um significante que trás consigo um significado sacro na vida islâmica, um significado de terror visto pela ótica sensacionalista da mídia internacional e um significado de desdem para aqueles que foram afetados de alguma forma no episódio do WTC.

Três significados totalmente diferentes para o mesmo significante. Isto ocorre por que o signicante possui signos diferentes. Visto que numa relação hiper-real é o objeto que orienta o sujeito, fica claro entender por que há tanta especulação, divergência e motivações distintas em torno do mesmo objeto.

Mesmo com uma explicação filosófica para a coisa em si, o ser humano foi dotado de discernimento para saber se os seus atos são bons ou ruins. Por isto afirmei que o pastor, por mais que tenha motivações, seja por merchandising ou por ideologia, sabe exatamente que aquilo que ele estão fazendo não é bom e nem poderia repercutir de uma maneira positiva.

É este discernimento que faria você estranhar o fato de seu amigo queimar um livro, ainda que fosse qualquer um da saga Crepúsculo, por puro prazer. O mais provável é que você diria consigo que falta um parafuso no cérebro de seu amigo, afinal ele poderia simplesmente vender, doar ou mesmo jogar o livro na lixeira, sem causar nenhum barulho através deste ato.
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