Hiper-Realidade Platônica

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Hiper-Realidade Platônica

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Caverna

Embora o conceito de hiper-realidade seja melhor explorado nos dias atuais, por representantes da semiotica e dos movimentos conhecidos como pós-modernismo e pós-estruturalismo, podemos encontrar um ótimo exemplo sobre como se dá a vivência do hiper-real nos dias atuais num dos textos filosóficos mais conhecidos do mundo: a alegoria da caverna, do grandioso e inesgotável Platão.

De grosso modo, o texto ilustra um grupo de homens, que nascem e crescem numa caverna, cujos braços e pés estão acorrentados de modo que eles não conseguem voltar-se para a entrada da caverna: estão sempre virados para uma parede. Do lado de fora da caverna, há um pequeno muro e uma fogueira. Conforme as pessoas passam e conversam, suas sombras são projetadas para as paredes onde se encontram os prisioneiros.

Logo, eles tomam as sombras como a única realidade possível. As formas projetadas pela fogueira são as únicas coisas que eles conhecem. Porém chega o dia em que um prisioneiro consegue se libertar. Vagarosamente e com muita dor (gerada pela luz do sol) ele acaba por descobrir com as coisas realmente acontecem. Ansioso, volta para a caverna e explica para os seus companheiros que aquilo que eles veem são somente sombras projetadas por uma fogueira, e que o mundo é bem diferente do que eles pensavam.

Porém os seus companheiros não acreditam nele, acabam por zombar do pobre e acham, inclusive, que a luz fez mal para o discernimento.

No universo hiper-real acontece de forma semelhante. Aquilo que é cru é aperfeiçoado de modo que não conseguimos discernir entre ilusão(adorno) e realidade (essência). De singular maneira, temos uma essência adornada objetivada a mascarar o real. Esta nova camada de "realidade", embora virtual, é algo que faz parte de nosso dia-a-dia e acabamos por usufruí-la. Assim sendo, não aproveitamos um falso real, mas um hiper-real.

Quando os prisioneiros foram acorrentados a caverna, lhes foram negados o direito de conhecer o que havia além dali. Entretanto o homem instintivamente encontra uma maneira de explicar a sua vida através de um método mítico, ou seja, associado a ilusão, aos sonhos e desejos.

A caverna não era algo falso, pois ali residiam pessoas com o potencial de conhecer. Eles assim fizeram, na medida do possível. Entretanto, graças ao desertor, nós descobrimos que as coisas não eram bem assim. Descobrimos que os prisioneiros viviam uma hiper-realidade.

Eles viviam uma vida metaforicamente semelhante a nossa, onde muitas vezes o conhecimento não é possível, graças a um processo de implantação de hiper-realidades. Não temos mais como distinguir quais são as essências de nosso universo, então as questões continuam aí: Quem somos? Onde estamos?

Enquanto o desertor da caverna conseguiu se livrar dos dogmas ao seu redor, nós vivemos num ambiente simulado: temos problemas para encontrar referências seguras. Aqui são milhares de possibilidades, sendo que a verdade até pode estar por aí, mas é irreconhecível perante o hiper-real.

Talvez a melhor proposta seja uma primária negação diante do mundo enquanto fenômeno, porém caímos num buraco sem fim. Não temos raízes únicas para nos apegarmos. Tudo é explicado através de pressupostos e postulados. Enfim, flutuamos pensativos num universo infinito.

Aqueles que assim entendem identificam-se com o desertor: viram alguma coisa a mais, porém não tem para quem contar. Caminham solitariamente, com o sentimento frustrante de não ter atenção, e com a dor de não conseguir salvar a ninguém. Os prisioneiros continuam presos em suas cavernas.

Conforme escrito por Platão:

Glauco: Que estranha cena descreve! E que estranhos prisioneiros!
Sócrates: São iguais a nós.
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